Sobre as melhores coisas que minha mãe fez por mim

Sobre as melhores coisas que minha mãe fez por mim…

Não ser minha motorista. Ela não me buscava na escola e não me levava nas festinhas das amigas. “Quer ir? Vai. Mas se vira, não vou levar ninguém”. Mais tarde fui entender o valor de me virar para conseguir o que preciso.

Não me dar mesada. Com inícios de ímpetos consumistas e pessoais, saí em busca de trabalho aos 12 anos. Numa bela tarde de férias, eu disse pra ela que ia dar uma volta no quarteirão e voltei empregada: ia ser assistente da cabeleireira do bairro. Desde então, nunca mais pedi dinheiro.

Não me bater. O incentivo ao diálogo e exposição de pontos de vista sempre falaram mais alto, deixando de lado a necessidade de violência para impor respeito. Nunca nem levantei a voz para ela. Respeito infinito, nunca precisou chegar nem no 2.

Não me mimar. Ela nunca esquentou meu leitinho, trouxe café na cama ou me levou lanchinho na escola quando eu tivesse esquecido. Quem levantava primeiro em casa era eu: aprontava-me pra escola, acordava minha irmã, colocava a mesa do café e só então ela acordava. Aprender a fazer as coisas desde cedo me ajudou muito na hora de conquistar liberdade precoce.

Não me proibir de nada. Como não tinha nada proibido, não tinha nada pra contrariar ou sentir mais vontade. Contei tudo pra ela: primeiro beijo, quando comecei beber, o dia em que fumei e odiei e quando transei pela primeira vez. Aliás, essa foi outra coisa:

Não mentir sobre sexo. Falar abertamente e explicitamente sobre o tema com naturalidade fez com que eu nunca mentisse pra ela sobre minha vida sexual. Nunca ouvi a história da sementinha. Sempre contei tudo, pedi conselhos e nós rimos até hoje com nossas peripécias sexuais.

Não limitar horário pra chegar em casa ou ficar ligando pra pedir satisfação. Não tendo horário, eu nunca abusava da boa vontade dela, e assim, haveria próximas vezes para sair. E o fato de ela não ficar no meu pé me dava mais segurança e senso de responsabilidade sobre as companhias e atitudes que eu decidia ter.

Não me segurar “embaixo da asa”. Aceitar que os filhos são do mundo e que sonhos se realizam também longe das mães foi uma das atitudes mais bonitas que a vi tomar. Batalhamos juntas pela minha bolsa de estudos internacional e, 3 meses depois de ter voltado, mesmo em meio à lágrimas e ofensas, ambas entendemos que era minha hora de sair de casa de vez.

Graças ao que aprendi com ela saí de casa aos 17 anos; com maturidade suficiente para saber ser livre e independente. E graças a ela, virei mulher muito cedo.

Mãe, obrigada por tudo. Mesmo. É graças a você que eu sei o gosto das minhas próprias conquistas.

Obrigada por nunca ter me dado nada de mão beijada. Foi definitivamente,  a melhor coisa que você fez por mim.

 

 

Te amo.  😉

autor: Amanda Armelin

Bocuda, nerd, tatuada. Cervejeira de carteirinha e louca por cachorros (principalmente bulldogs). Além do sorriso no rosto, mantém paixão absoluta por bacon e sexo.

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3 comentários

  1. Essa foto ficou tão linda, mais tão linda que merecia mesmo um post!!
    kkkkkkkk

  2. É realmente uma boa idéia.

  3. Vc também me ensinou muita coisa minha filha. Com vc aprendi o verdadeiro sentido da palavra “amor”. O sentimento que me une a vc é de amor incondicional. Viemos a este mundo para aprender. Tento aprender a ser uma boa mãe pra vc e sua irmã todos os dias. Não se esqueça do que sempre lhe digo: te amo mais do que a mim mesma!!!!!!

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  1. Obrigada. « Tô DiDi-éta! - [...] dessas sapeadas eu vi uma menina postando um link mostrando que ela tinha feito um post sobre a mãe…
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