Amor humano

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Eu não preciso de um conto de fadas. Na verdade, sempre fugi deles: não sou princesa, não preciso de resgate e muito menos acredito em felizes para sempre.

Mania idiota que temos de enfeitar o amor, de fingir pra si mesmo que a vida é um filme exatamente no ponto antes do ápice, onde o príncipe aparece num cavalo branco e vira sua vida de cabeça pra baixo, resolvendo seus problemas magicamente. O que a gente não se dá conta é que esse filme vai ficar aí nesse ponto eternamente, até ser tarde demais pra descobrir quem é o diretor.

Se eu pudesse dar apenas um conselho pro mundo seria: parem de endeusar o amor, porque ele é muito mais humano do que parece.

Sabe, devíamos querer mais a tal sorte de um amor tranquilo que cantou Cazuza: esse amor palpável, essa coisa de vida real. Dessa que inclui ter que limpar a casa juntos numa tarde de domingo e fazer absolutamente nada juntos depois.  De ouvir o outro reclamar de dor nas costas e sair de madrugada pra comprar remédio. De fazer a janta pra ela numa terça à noite ou levá-lo para o motel de surpresa numa sexta à tarde.

Amor de verdade tem rotina, tem calmaria, tem tempestade, tem companheirismo, tem sexo. Tem tesão, tem putaria, tem gozo, tem suor. Tem ciúme, tem briga, tem fazer as pazes. Tem pedir desculpas. Tem abraço, cafuné e make up sex. Tem choro, tem riso, tem vergonha nenhuma de demonstrar o que sente.

Tem se importar. Tem estar perto, mesmo que longe. Tem jogo limpo, tem cartas na mesa.

Amor de verdade é achar que ela está linda mesmo de moletom e cabelo preso. É amar dormir com ele mesmo sabendo o quanto ele ronca. É rir da própria desgraça juntos, é não sentir vergonha de chorar quando o peito doer e saber que ali no outro mora um pedaço de ti, despido de pudor, de clichês ou de promessas.

Acima de tudo, amor de verdade tem a certeza de que ambos não precisam, mas estão ali simplesmente porque querem. Que são livres para ir embora quando o coração mandar, a vida quiser ou o tempo esquecer. E se mesmo assim o sentimento insistir em permanecer, quem será o tolo capaz de dizer que de um jeito torto, honesto, direto e simples, não foi um emocionante amor pra contar?

autor: Amanda Armelin

Bocuda, nerd, tatuada. Cervejeira de carteirinha e louca por cachorros (principalmente bulldogs). Além do sorriso no rosto, mantém paixão absoluta por bacon e sexo.

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