Brilha, brilha, estrelinha…

Este é Jack Daniels. Jackolino para os íntimos (acreditem, são poucos).

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Jack é um cachorro problemático desde sempre: com luxação coxofemoral, displasia severa, distúrbios de medo e ansiedade de separação, refluxo, problemas de respiração e toda a cartela cheia de bingo que um buldogue inglês pode trazer: cirurgias intermináveis, fisioterapia, acupuntura, especialistas por todo lado…

Eu nunca me importei com isso. Ele é meu filho e absolutamente todo tratamento ao meu alcance foi recorrido. Contas altíssimas de veterinários, remédios e plano de saúde. Até comprei algumas brigas ao longo dos anos com pessoas incapazes de entender o amor e o cuidado que sempre dispensei à ele.

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Deixei de fazer muitas coisas e ir à muitos lugares por ele, é verdade. Mas sabe, nem por um segundo me arrependi ou me frustrei por isso. É que quando a gente vira “mãe”, fica fácil colocar as crias em primeiro lugar; principalmente com os especiais como ele. Sempre adaptei meus planos, horários e tentei dar um jeito de deixá-lo confortável em sua dor. Controlei ao máximo sua ansiedade e busquei o melhor que pude para entrega-lo alguma qualidade de vida: algumas viagens e rolês inesquecíveis me marcaram pra sempre.

É que nunca faltou amor. Esse cachorro me escolheu de um jeito tão especial que sabíamos que éramos um do outro desde o primeiro olhar. Quem estava lá até hoje descreve nosso momento como mágico (e foi mesmo). Desde o primeiro dia selamos um acordo de nos cuidarmos mutuamente: incontáveis vezes ele me olhou com uma paixão inexplicável ou encostou sua cabeça em mim e fez o dia se iluminar. Outras tantas lhe dei colo e cuidados para amenizar o medo e a dor constante que o habita. Amor puro e incondicional, constantemente demonstrado.

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Mas a vida é um bagulho imprevisível e sempre tem dessas de nunca deixar a gente preparado o suficiente para algumas situações. No último sábado (01/12), Jack Daniels faleceu em meus braços. Teve um infarto inesperado durante uma caminhada de um quarteirão em uma manhã agradável e fresca.

Infelizmente, o desespero da reanimação, a correria até o veterinário e meu amor absoluto e incondicional não foram suficientes para salvá-lo. E ah, o que eu daria para salvá-lo, vocês não fazem ideia.

Apesar de não ter muita lógica, não consigo me livrar até agora do sentimento de culpa. De pensar o que eu podia ter feito diferente. Mas nada vai trazê-lo de volta e sei que é inútil me martirizar por isso.

O que me traz (um pouco de) que paz ao coração é saber que o amei com toda a força que meu coração era capaz. E sei que ele sabia e sentia isso em sua curta passagem por esse mundo. Alguns dizem que tínhamos uma conexão de outras vidas e honestamente, eu concordo. Fomos anjos da guarda e completamente apaixonados um pelo outro até o fim. Até o último suspiro.

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Tenho consciência de que um pedaço de mim morreu com ele e não há nada que amenize a dor que estou sentindo. Ao menos sei que agora ele encontrou sua paz. Sem mais dores. Sem mais sofrimento. Está correndo feliz e contente com aquele sorriso dele que era tão único e cativante pelo céu dos cachorros.

Saiba que você fará muita falta, Jackolino. Em cada bom dia matinal, em cada banho animado e cheio de chamego, em cada colinho que você não estiver lá. Todas as vezes que você não estiver em casa pra girar de alegria, correr atrás de bolinhas de sabão ou simplesmente deitar embaixo dos meus pés.

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Te amo demais, filho. Demais e para sempre. Vai com papai do céu e fica bem onde estiver, minha estrelinha. Brilha agora bem lindo, bem alto e mostra pra esse mundão todo que cachorrão da porra você sempre será s2

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autor: Amanda Armelin

Bocuda, nerd, tatuada. Cervejeira de carteirinha e louca por cachorros (principalmente bulldogs). Além do sorriso no rosto, mantém paixão absoluta por bacon e sexo.

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