Castanhos

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Texto produzido com a colaboração do querido José Lúcio.

 

Depois de você a felicidade ganhou um par de olhos.

Castanhos. Escuros. Intensos.

Seu jeito despido de dizer verdades me conquistou há muito mais tempo do que você imagina: sempre gostei de gente capaz de ver por trás de uma casca. E você, meu bem…Ah, você é desses que desnuda a alma antes mesmo de me tirar a roupa.

E já que sonhar ainda está permitido, peguei uma dose de rum no armário de casa (aquele que eu guardo só para ocasiões especiais), e deixei a porta aberta, fantasiando que você chegasse pra preencher o batente, meu copo e meu corpo. Sem pedir licença, só chega e me beija, pra gente ter uma história de cinema pra contar quando perguntarem como foi nosso primeiro encontro.

Nem precisa falar nada. Eu sinto que já te decorei em texto e não preciso de palavras antes de te encarar no silêncio constrangedor que quase sempre diz coisas demais. Mas “fortune favours the bold” e eu já tô ficando velha pra não arriscar ser feliz (quiçá ao seu lado). Prometo manter a seriedade de uma boa conversa, até que teu sorriso arrepie e desmonte a linha de pensamento e a barreira invisível que sempre criei no coração.

Justo eu, que havia desapegado de todo esse sentimento rebuscado e cheio de detalhes, me tornei refém de suas pérolas negras e cogitei até aceitar convites para programas clichês, por conta da tal hipnose fatal. Pois é, parece que a  cética de trinta e poucos anos acaba de voltar ao clube dos criadores de expectativas de vez. Sempre soube que prever o futuro seria sem graça, mas é que com você, tudo parece pré-estabelecido há tempo demais pra nadar contra a corrente: quero ser seu melhor clichê, com direito a flores no primeiro encontro, beijo no cinema e papai-mamãe à meia luz.

É que só de pensar em sentir tua respiração balbuciando na minha nuca, já começo a suar as mãos, esperando o momento em que elas encontrarão suas costas nuas em minha cama. Quero que você me beije forte, enquanto percorre as mãos frias por entre minhas coxas arrepiadas e eu deixo escapar um gemido rouco, que quase implora sem dizer para que você não pare nunca mais. Que me carregue pra cama e me encare sem pudor, enquanto me pergunta por onde andei esse tempo todo.

Quero te teu sexo me encontre nua e frágil, física e emocionalmente, só pra poder sentir de novo o que é realmente sentir algo. Que a transa seja intensa e molhada, com suor, saliva e gozo. Aliás, que o gozo seja demorado e sincronizado. Que traga com ele meu quê de esperança no tudo que podemos ser e que não esqueça principalmente de conter um frame fixo dos seus olhos, castanhos.

autor: Amanda Armelin

Bocuda, nerd, tatuada. Cervejeira de carteirinha e louca por cachorros (principalmente bulldogs). Além do sorriso no rosto, mantém paixão absoluta por bacon e sexo.

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