Ele pra “elas”, “elas” só dele, e fim

Nunca teve vergonha de admitir: gostava da vida a dois. Desde que se lembrava por gente, levava todo e qualquer rolo que encontrava no meio do caminho a sério. Era do tipo que se apresenta pra mãe e leva pra andar no shopping de mão dada no domingo.

Dama na mesa, puta na cama. Essa sim, gostava da coisa. E no fundo, sabia que fazia direitinho: tinha prazer em ver o cara se contorcendo pra não gozar rápido e judiava ainda mais, só pra impor seu ar de dominatrix.

Sabia que nem todos lhe entenderiam: gostava de detalhes, de coisinhas românticas e beijos na boca. Era fã de preliminares e massagens. Velas, cheiros e comidas sempre faziam parte do ritual que ela tanto adorava ter. Mas na hora H, ahhhh, ela se transformava. Em meio a puxões de cabelo e arranhões com olho no olho, derramava parafina e gemia alto na orelha dele, porque não tinha vergonha de mostrar que sentia prazer.

Gozava várias vezes a fio, sem pudor, sem restrições. Preferia sempre quando estava por cima. Adorava a visão superior que tinha, e a maneira que conseguia lhe prender as mãos com algemas lhe atordoava os sentidos enquanto ele fechava os olhos e se concentrava para não gozar.

Ele sabia que a provocava ainda mais toda vez que balbuciava “gostosa” em seu ouvido e por isso, sempre o fazia. Era quase um gozo certo, e ela adorava. Sentia-se MESMO a mulher mais gostosa do mundo. Até hoje, ele confessa: se espantava com ela nas primeiras vezes.  Não reconhecia aquela menina meiga e doce naquela mulher rebolando em seu colo, com os dentes cerrados, corpo todo suado e os olhos fixos nos dele. Aquela transformação o excitava ainda mais. Delícia saber que a mesma mulher que pedia há minutos atrás que ele lhe amarrasse as mãos era a mesma que naquela manhã havia acordado pedindo cafuné e lhe trouxera café na cama.

Entre transas rápidas na escada de incêndio do prédio e almoços de família onde seus avós sempre diziam coisas como “essa é pra casar, ein meu filho?”, eles se apaixonavam sempre mais. Os ataques repentinos que ela tinha sempre o deixavam com o coração acelerado: de sexo oral no elevador, foto dos peitos no meio do expediente que, somados à janta fresquinha em casa e carinhos na hora de dormir lhe faziam sentir que ela era uma mulher completa.

Ele adorava TER as duas. Ela adorava SER as duas. Achasse errado ou julgasse quem fosse, eles nunca ligariam.

Eram felizes assim: ele pra “elas”, “elas” só dele, e fim.

 

SaiDaqui!

autor: Amanda Armelin

Bocuda, nerd, tatuada. Cervejeira de carteirinha e louca por cachorros (principalmente bulldogs). Além do sorriso no rosto, mantém paixão absoluta por bacon e sexo.

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