Entre querer e precisar…

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Entre querer e precisar há um abismo.

Muitas vezes nos perdemos na ilusão de terceirizar nossas culpas, projetando em outras pessoas ou coisas a solução mágica de nossos problemas. Eu mesma me enganei por tempo demais acreditando que eu precisava de você. Que só você poderia me fazer feliz e que não existia mais ninguém no mundo que se encaixasse tanto no meu trejeito caminhão quanto você, esse saco de praticidade que eu decidi amar num belo domingo de sol.

E sabe, se eu analisar bem à frio talvez seja justamente pelo seu excesso de razão que eu tenha me apaixonado. Por ver em você a montanha de clareza que me falta quando a emoção fala mais alto (no caso, sempre).

Por muitas vezes você me frustrou, eu confesso. Sobrou tanta falta, tanta ausência e tanta dúvida que qualquer outra pessoa disposta a me demonstrar afeto me parecia melhor opção em algum momento. É que esse seu não ligar para romantismos exacerbados cheios de clichês e cafonices de amor me broxava a alma vez em sempre. Teve um pouco de culpa também essa sua arte de guardar tudo pra si e ter receio de vomitar sentimento ou satisfação.

Mas foi esse seu jeito de manter a calma em situações de desespero e de me abraçar forte em silêncio enquanto eu me debulho em lágrimas que me fez ficar. Foi o jeito que você briga comigo quando me recuso a tomar remédio ou a comer algo. Foi quando eu me permiti entender que seu silêncio no fundo, era só preservação (sua, minha, nossa) e medo do que o resto do mundo poderia fazer para tentar nos afetar. Era só vontade de carregar o mundo nas costas sem incomodar ninguém. Foi quando eu vi que seu passado teve um total de zero histórias de contos de fadas pra contar e por isso – só por isso – você (ainda) não acreditava neles.

Talvez tenha tido uma pitada de egoísmo meu em querer aprender a ser mais assim. Talvez tenha sido muito de teimosia minha em querer fazer “dar certo”. Mas com toda a certeza do mundo foi o caminhão de esperança de encontrar um equilíbrio de nossas personalidades que me fez não desistir de você.

Eu me vi ficar mais dura, mais prática e mais pé no chão, enquanto te via se esforçar para ser mais sensível, mais exposto, mais romântico. Então a gente se encontrou no meio do caminho e eu percebi que essa é coisa mais linda e romântica que uma pessoa pode fazer pela outra: ter empatia pelo ponto de vista alheio e ceder/melhorar/mudar a tal ponto que beneficie ambos num quesito genérico de vida, seja para conviver juntos ou separados dali pra frente.

Com isso dito, o que eu tenho pra lhe pedir é: fica. Mas fica só enquanto lhe fizer bem e se quiser realmente ficar. Se precisar ir, vai sem medo, desde que vá numa versão melhor de si mesmo do que quando chegou aqui; vai levando carinho e muita história boa e doida pra contar de nós.

Pra finalizar, me dou ao direito de fazer essa declaração de amor assim, direta, como você me ensinou a ser: eu não preciso de você. Não vou morrer, tampouco enlouquecer se você quiser me deixar, me trocar ou simplesmente decidir sumir da minha vida. Sempre existirão outras pessoas, outros caminhos e outras possibilidades. Mas a verdade sem floreio é simples: eu QUERO estar com você porque sim; e gosto da ideia de lhe dedicar meu melhor lado – por opção, não por necessidade – enquanto houver amor e reciprocidade nessa balança.

autor: Amanda Armelin

Bocuda, nerd, tatuada. Cervejeira de carteirinha e louca por cachorros (principalmente bulldogs). Além do sorriso no rosto, mantém paixão absoluta por bacon e sexo.

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