Inverno

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blue

Os dias tem sido mais cinzas e frios que o de costume. E sabe, eu poderia até culpar o inverno, sempre tão carregado de tristeza, solidão e melancolia; mas seria uma grande mentira fazê-lo. O que tem me preocupado de verdade é vê-la assim, tão apagada e cabisbaixa. Logo ela, sempre tão lua cheia, sorriso constante, feita de alegria e simplicidade grátis. Quebra-me um pedaço por dia não mais vê-la desfilar alegria e irradiar o mundo como sempre fez. Mata-me um pouco ser expectador de tamanha atrocidade com seu coração e não poder fazer nada além de oferecer meu abraço. Rasga-me a alma assisti-la todos os dias tentar disfarçar sua dor atrás de um sorriso muxoxo.  

Assisti-la ruir é perder um pouco de fé na humanidade: é comprovar da pior maneira que o amor machuca (e normalmente, quem menos merece ser machucado). Como alguém tem coragem de não fazê-la porto seguro? Ah, se ela soubesse que existe uma fila de homens por aí que dariam um braço só pela chance de passar o outro pela sua cintura…Que tipo de louco a deixaria ir embora assim, tão pela metade, usada e sem brilho? Diz pra mim, Deus: em que pedaço da história ela ficou tão cega de amor que se deixou esquecer do valor de si mesma? Honestamente, acho que deveria ser crime fazê-la chorar.

Ah, se ela soubesse o que carrego no peito desde a primeira vez que meus olhos pousaram em suas curvas: daria o mundo para ela entender e me deixar provar que eu a vejo por completo, principalmente por dentro. É que o timming sempre me trai (não, não quero ser mais um a me aproveitar de sua vulnerabilidade emocional), e a falta de coragem que me sobra sufoca o ímpeto de pegar o primeiro voo e bater à sua porta com girassóis. De olhá-la nos olhos e dizer que de todos os seres do mundo, ela é a mais linda (em todos os contextos) e ninguém tem direito de fazê-la sentir qualquer coisa diferente disso.

Tomara que não demore para que ela volte a organizar a vida: que cole rápido seus cacos de coração quebrado com doses extras de amigos próximos, familiares queridos, lambidas de cachorros, abraços demorados, banhos quentes e shots de whisky. Que esse amor inverno doa tudo que tiver que doer de uma só vez, mas que logo dê passagem para a primavera que só ela sempre soube ser. É que o mundo seria muito injusto sem seu sorriso (e quem sabe um dia eu ainda seja o motivo dele).

Definitivamente, blue ain’t your color, it don’t match your eyes.

autor: Amanda Armelin

Bocuda, nerd, tatuada. Cervejeira de carteirinha e louca por cachorros (principalmente bulldogs). Além do sorriso no rosto, mantém paixão absoluta por bacon e sexo.

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