No teu sorriso

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Fazia um bom tempo que eu já não acreditava em romantismos. Acho que a dura realidade da vida me quebrou tanto e tantas vezes a tal ponto de eu enfim ceder e achar que valia à pena matar a hopeless romantic que tão orgulhosamente outrora habitou em mim.

“Nunca ganhei nada sendo assim” por fim, eu pensei. Tratei de aos poucos esconder o que sentia, me deixar levar por aquela baboseira de que gente feliz não se expõe pra não causar inveja alheia e de que sofre menos quem não demonstra tanto o que sente. Acabei permitindo que a rotina e o morno fizessem parte do que antes eu gritava pro mundo que nunca aceitaria. Vi meu brilho se apagar lenta e dolorosamente como se os violinistas do Titanic tocassem ao fundo e eu não pudesse fazer nada.

Acreditei a tal ponto que essa era minha nova realidade que disse em voz alta pela primeira vez “eu tenho medo de nunca mais me deixar sentir e demonstrar amor” em prantos, logo na minha primeira sessão de terapia (risos). É que esse meu jeito hipérbole desgovernada sempre gostou de exageros (pendendo pro bem ou pro mal). Drama queen sim – e com um certo orgulho- se quiser falar de amor.

Mas bastou um sorriso teu para todas as minhas novas convicções caírem por terra. Os meus achismos de “nova eu” em formato Frozen se foram em um passe de mágica com esse seu jeito de apertar os olhos quando sorri.

A expressividade e a verdade que eu enxerguei de longe nessas coisas castanhas e apaixonantes que as pessoas chamam de olhos foi o golpe derradeiro para ressuscitar o coração que achei que já não tinha mais jeito. Como no desenho animado, o gelo que cultivei com tanto cuidado ao longo dos anos se estilhaçou em mil pedaços sem você precisar dizer uma só palavra.

Meu peito se fez primavera e eu me deixei ser vista: nua por dentro. Feliz e apaixonada, com as tais borboletas (ainda que envergonhadas) pairando no estômago. Num lapso de coragem e vulnerabilidade, fiz questão que você soubesse o que eu sentia e não tive medo ou me importei com a resposta.

Lembrar de estar viva e sentir amor foi tão importante em minha vida que te escrevi esse texto apenas para agradecer. No final das contas, foi no teu sorriso que me reencontrei.

autor: Amanda Armelin

Bocuda, nerd, tatuada. Cervejeira de carteirinha e louca por cachorros (principalmente bulldogs). Além do sorriso no rosto, mantém paixão absoluta por bacon e sexo.

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