Pai. Eu te amo.

Dia dos pais.

Eu tentei deixar a data passar em branco. Mas não dá.

Todo mundo tem uma história. Triste, feliz ou indiferente. Sempre há uma história.

Talvez compartilhá-la seja uma forma de um pouco da mágoa se deixar ir embora. Talvez seja exposição desnecessária. Talvez vocês nem liguem. Whatever, quero escrever.

O melhor pai do mundo foi o meu. Sério.

Meu melhor amigo, maior companheiro. Mestre, ídolo. Me ensinou sobre simplicidade, respeito, dizer eu te amo com os olhos e amarrar os sapatos. Brincar de lutinha, jogar bola e empinar pipa.

Tudo lindo, maravilhoso.

Até que fiz 16 anos e fui morar fora. Vivi um ano longe daquele que fazia parte do meu dia-a-dia. Que sabia do meu primeiro beijo, theo-24 cr minha primeira briga na escola. Agora, ele já não sabia mais nada.

Agora, ele vivia distante. 1 ano sem ele. Agora, uma vida toda.

Voltei de lá. Era tudo tão diferente. Tão frio, tão distante. Era outro pai.

Situação completamente compreensível. Até hoje não sei como ele suportou tanta barra de uma vez só na vida. Momento tenso para todos.

Enfim, separamo-nos, todos. A família indestrutível se esvaeceu.

Das N vezes que tentamos sentar e conversar, nos justificarmos a ausência sem causa, sem briga, sem nexo com desculpas esfarrapadas não-engolíveis. Falta de tempo, excesso de trabalho ou apenas esquecimento.

Promessas de melhoria, de presença. Injeções de esperança.

Em vão e falhas. De novo, de ambos.

Anos a fio sendo uma estranha distante qualquer me tornaram mais amarga. Talvez mais madura. Mais forte. Mas ainda me dói. E sempre vai doer. Isso, nunca vai mudar.

Viver de abstrair, passar por cima da vontade de chorar e continuar dizendo “eu te amos” sem resposta. Acostumar-se com ausência, e ainda assim ter esperança. E amor.

Dizer com orgulho, que eu te amo pai. Seja quem ou como você seja. Pelo resto de nossas vidas. Isso NUNCA vai mudar, não importa o que aconteça.

Feliz dia dos pais! 😉

autor: Amanda Armelin

Bocuda, nerd, tatuada. Cervejeira de carteirinha e louca por cachorros (principalmente bulldogs). Além do sorriso no rosto, mantém paixão absoluta por bacon e sexo.

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5 comentários

  1. Tambem repeti muitas vezes em pensamento isso: “Dizer com orgulho, que eu te amo pai. Seja quem ou como você seja. Pelo resto de nossas vidas. Isso NUNCA vai mudar, não importa o que aconteça.” em minha mente, certas coisas acontecem #fatos, mais outras nunca mudam !
    Curti muito o texto ;T
    <õ/

  2. Eu to do outro lado da moeda. Meus dois filhos que moram no RJ sofrem com minha ausencia. Eu nao sou presente como deveria e isso deve doer.
    Mas, se isso serve de consolo, NÃO SE PASSA UM FUCKING DAY sem que eu pense TANTO em dar um abraco neles, daqueles de esmagar.

    Sabe, se doi em voce, doi nele tambem, é dor de amor…

  3. Então minha Querida, mais uma vez tuas palavras fazem com que consiga parar e refletir mais nos problemas. Sem estas palavras, acredite, meus problemas seriam grandes…. O que tenho a dizer a você é parabéns pelos lindo e sábios textos, que continue escrevendo ótimas histórias e quero agradecer obrigado
    Bjos

  4. ahuahuha
    meio foda o pai ler e embaixo o título do próximo post: “um conto lésbico”

  5. Faz parte. A vida é dinâmica.

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