Sobre amores perdidos e músicas nunca cantadas ao pé do ouvido

Foram absurdamente apaixonados no tempo em que estiveram juntos. Mas por alguma razão não deu certo. Ela decidiu que queria seguir a vida sem ele. Não como namorados, pelo menos.

Ele, como todo bom apaixonado por música e de coração partido, escreveu uma canção pra ela. Era despretensioso, tinha apenas o intuito de lhe mostrar o quanto doía ficar longe dela. Cantou infinitas vezes em seu quarto, agora frio e solitário.

Dizia em notas musicais que seu sorriso lhe fazia falta. Mencionava até algo sobre seus pés gelados enroscados em suas pernas. Cantava dos planos que fez para a vida e da falta de sentido que eles tinham depois que ela se foi. Chorava pelos dedos que tocavam as cordas do violão velho, desgastado de tanto sentimento tranformado em música que aquela canção continha.

Até que um dia, os amigos da banda que ele tinha descobriram a música, e se encantaram por ela. Tanto que decidiram gravá-la. Menos de um ano depois, a música estourou e todos a ouvir nas rádios do país todo. Nunca imaginaram tanto sucesso. Todos os meninos da banda, realizados.

Menos ele. Que nunca tivera realmente concordado em expor tanto o que sentia. Aquela música era só dele, pra ela. Não importava quantas mil pessoas já tinham ouvido. Ela ainda não tinha.

Aliás, será que tinha? Será que ela ouviu? Será que pensou nele? Será que ela entendeu que era para ela? Será que ela ligaria quando ouvisse? Será que ela ainda lembrava do romance que viveram? Eram tantas esperanças escondidas e tanto sofrimento em pensar em tantas perguntas que quase enlouqueceu. Cogitou mil vezes e meia ligar e perguntar se ela tinha ouvido a música…Desistiu em todas elas.

Enquanto ela, descobriu apenas por acaso, e alguns anos depois, através de um amigo que tinham em comum que aquela música existia, fora escrita para ela e fez muito sucesso na época em que foi lançada. E chorou em silêncio ao lembrar do quanto havia sofrido por ele que nunca mais deu notícias. Talvez hoje estivessem casados e felizes, se das milhões de vezes que a música foi tocada, ao menos uma tivesse sido para ela.

Será que ele trocaria toda a fama e sucesso que agora tinha por essa única vez que pegasse o telefone e a cantasse pra ela, com aquela voz rouca de quem chorou dias a fio? Preferia apenas pensar que sim, e acalmar o coração com um talvez. Morreria na dúvida, mas sabia: Teria bastado isso.

autor: Amanda Armelin

Bocuda, nerd, tatuada. Cervejeira de carteirinha e louca por cachorros (principalmente bulldogs). Além do sorriso no rosto, mantém paixão absoluta por bacon e sexo.

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4 comentários

  1. Parece minha história com minha última namorada (tirando a parte da banda e, obviamente, do sucesso). Mas o que mais me entristece com tudo o que aconteceu é que ela não voltou atrás e jamais voltará. Me largou pra ficar com a ex-namorada. Com a ex-namorada!!!!! Não sei se sinto falta dela ou da companhia de alguém. Não sei se o que sinto é raiva ou excesso de amor. O primeiro é mais provável. Desde então, sinto uma certa repulsa ao ver mulheres se beijando ou fazendo qualquer outra coisa. Não é preconceito, isso nunca tive, mas um trauma pelo que me aconteceu e por todo o tempo que chorei e corri atrás dela, em vão. Se sua intenção era reavivar uma lembrança já adormecida em alguém, parabéns, você conseguiu. Não que seja algo ruim, mas dolorido. Pelo menos me faz lembrar que o amor ainda existe, apesar de desacreditar dele muitas vezes. Não tenho vergonha de contar essa parte da minha vida. Acredito que qualquer experiência, boa ou ruim, não deixa de ser experiência. Obrigado pela atenção. Beijos.

  2. Isso é vida real, e nem sempre o final da história é feliz. Se bem q não parece acabada. Otima história amanda.

  3. O Chicon matou a xarada, a história está inacabada. Talvez falte o lado de alguém melhor explicado, talvez seja uma opinião parcial da coisa.

  4. Parabéns pela história! Emocionante.

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