Sobre erotismo e publicidade

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Uma amiga me mandou essas perguntas para um trabalho final de PP na faculdade. Mas, achei pertinente compartilhar com vocês minhas respostas. Segue:

 

No mundo de hoje, com tamanho uso do erotismo, principalmente nas campanhas publicitárias, ainda se pode confundi-lo com pornografia/vulgaridade?

Acho que as pessoas estão cada vez mais conscientes. Erotismo e pornografia são duas coisas completamente diferentes, e nós (que damos a cara à tapa publicamente para discutir temas tão polêmicos) tentamos sempre deixar bem claras as diferenças.
Minha opinião pessoal envolve gostar mais do lado sexy, de achar que quase mostrar é mais bonito que escancarar. Meu público já tem essa consciência e acaba concordando, até em contos eróticos que escrevo, que a delicadeza da história e os detalhes nos meios acabam justificando os finais. Em campanhas publicitárias, é a mesma coisa: vai da delicadeza na hora da criação em perceber essa diferença e externá-la.

Você acredita que o erotismo na publicidade, com o uso de corpos esculturais, pode influenciar na imagem que a sociedade hoje em dia tem do corpo perfeito e na busca incessante por ele?

Infelizmente, sim. Mas isso sempre aconteceu, e acho que ainda demora um pouco pra mudar. As pessoas tem mania de se comparar com o que não tem/são, mas isso vem da cultura que temos. As pessoas devem buscar “corpos perfeitos” pelos motivos corretos: saúde, bem estar, prazer no exercício, etc. Aceitar-se é algo pessoal e diferente do que se vê na mídia em geral, e acaba demorando um pouco pra todo mundo.
Hoje, já vejo muita mudança em relação há 5, 10 anos atrás: modelos plus size, gente fora do padrão, que foge ao estereótipo. Gente tatuada, com cicatriz, com deficiências. Tem tanta campanha linda de gente real por aí, que inspira e deve ser exemplo (vide DOVE).

Até que ponto o erotismo pode ajudar em uma campanha e quando ele pode começar a atrapalhar?

Depende pura e simplesmente da abordagem. Quando o erotismo é tratado de maneira que a mulher parece um objeto, é feio e nada criativo.
Mas por exemplo, aqui e aqui são dois exemplos MUITO legais do erotismo em prol do humor e do bem, respectivamente.

Na publicidade existe o CONAR, orgão regulamentador, que por certas decisões já sofreu acusações de praticar preconceitos e censuras de liberdade de expressão. Acha que seria viavel e funcional a participação da sociedade junto ao CONAR na criação de regras e leis publicitárias?

Honestamente? Não. Acho que quem trabalha para o CONAR teve estudo, formação, treinamento, diretriz, etc, etc. A sociedade em geral anda muito chata e crítica com tudo: essa necessidade constante de ter uma opião formada sobre tudo que as redes sociais causaram, deixou as pessoas muito cheias de si. Dar poder à elas seria atrapalhar mais do que ajudar.

Diante tamanhos efeitos causados, qual o caminho você acredita que o erotismo traçará na publicidade?

Depende do caminho que deixarmos ele tomar: somos nós publicitários quem mudamos a visão das pessoas com alguma inovação, abordagem diferente ou delicadeza de tratamento do erotismo.
Fazer mais propaganda de cerveja com mulher pelada não está com nada, e colocar um pornozão hard para todos os públicos também não dá certo. A criatividade ainda vai mudar o mundo (e espero que a cabeça das pessoas também).

autor: Amanda Armelin

Bocuda, nerd, tatuada. Cervejeira de carteirinha e louca por cachorros (principalmente bulldogs). Além do sorriso no rosto, mantém paixão absoluta por bacon e sexo.

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