Solidão infinita de um dia só

 

Mais um dia que chega ao fim, e na solidão infinita de um quarto vazio e escuro, mergulhado entre os pensamentos e dúvidas que vivem assombando os cantos menos habitados de sua alma, você se enxerga enojado. Inebriado de tanto duvidar de si mesmo.

Se pega várias e várias vezes montando ciclos infinitos de uma vida que poderia ter sido: todas com finais infelizes. E se pergunta: onde estou?

Desesperado, você tenta novamente e  num esforço sobrehumano, olhar em volta e sentir-se em casa. Mas é em vão. Porque no fundo você já sabe que seu lugar não é mais aqui. Talvez um dia tenha sido. Hoje, não mais.

Tudo porque você acreditou que algumas coisas poderiam durar muito tempo. Que alguns dos planos que pareciam ir tão bem, eram sólidos e quase infinitos. E que certas pessoas jamais iriam te machucar.

Um tapa na cara teria doído menos que a realidade dolorida e incontestável, aquela que insiste em vir sempre de cara tão limpa, lhe tirando as máscaras da inocência e dando-lhe uma boa dose de decepção. Dupla. Sem gelo.

E você relembra de tudo que parecia eterno na vida, e se desfez: desde a família comercial de margarina à novela Mexicana até o que você pensava ser o “emprego dos sonhos”, que lhe alcançou tão cedo, e tão brevemente igual lhe foi tirado.

Pensa que a vida não é justa, mesmo sabendo que, no fundo, as coisas eventualmente se resolverão. Que tudo isso que hoje lhe faz tão triste, é só um meio de trazer um caminho ainda melhor. Que sorrir é fácil, só não hoje.

Decide que o melhor a fazer, é deitar-se. Nada como uma boa noite de sono para acalmar uma alma aflita e indecisa. Nada como o silêncio da noite para velar o sono dos que pensam demais, levar embora toda essa angústia e tristeza que vez ou outra lhes domina.

Você sabe. Tem certeza: Amanhã, é outro dia.

Boa noite.

autor: Amanda Armelin

Bocuda, nerd, tatuada. Cervejeira de carteirinha e louca por cachorros (principalmente bulldogs). Além do sorriso no rosto, mantém paixão absoluta por bacon e sexo.

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6 comentários

  1. … uma boa dose de decepção. Dupla. Sem gelo.” Realmente, desce rasgando! Como sempre, não há muito o que dizer a não ser: Genial!
    Sabe como eu gosto dos seus textos. Beijo!

  2. Amanhã é outro dia.

  3. … ‘amanhã é outro dia, aprendi isso ontem’…. a melhor frase… te amo.

  4. amanhã é outro dia…

    =)

  5. Lembre-se: gente como nós pode até chegar ao fundo do poço, mas nosso poço tem elevador panorâmico, cama redonda e frigobar. Mesmo quando no fundo temos estilo!!!!! Te amo filha!

  6. Putz…. é dureza ver a “própria realidade” transcrita em palavras de forma tão sucinta e direta.
    Por mais que saibamos que não somos únicos em nossa dor e conflitos, é comum nos isolarmos e achar que estamos em situação única, quando não é assim, mas somos egoístas, até em nosso sofrer.
    Dias novos sempre vem, é o nosso alivio, nossa chance de redenção, e agradeço a Deus por isso.
    As vezes sinto-me como o personagem de Bill Murray em “Feitiço do Tempo”, só que preso a um ciclo interminável de dor, perdas, sofrimentos e melancolia. Mas no fim de cada dia, vem a chance de redenção com a espera de um novo dia.
    Amandinha, obrigado por compartilhar seu texto e sentimentos e me fazer sentir um pouco menos só.

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