Talvez ela nem saiba…

mulhercomtitulo

Ela não faz ideia, mas eu sempre a quis bem.

Nosso santo bateu de cara e, apesar da distância física e emocional que o tempo cria entre pessoas que não se falam ou veem com frequência, nunca deixei de segui-la e/ou torcer por sua felicidade em silêncio.

Carinho grátis que fala, sabe? Gente que a gente gosta assim, sem mais nem menos.

Com ela foi assim. Ainda é.

Eu a vi batalhar pela autoaceitação. Acompanhei uma guerra aos padrões e opiniões alheias, em meio a discursos corretos e julgamentos desnecessários. Vi gente a chamando de metida, de supérflua, dizendo que ela queria confete e que mulher de respeito não precisava se exibir tanto. Ela chorou (com razão), se entristeceu e se magoou com pessoas que, antes tão próximas, lhe apontaram o dedo ao invés de dar colo.

Mas isso fez com que ela por fim entendesse que a única opinião que importa é a dela mesma, e com forças para se reinventar, o fez. Uma. Duas. Três. Infinitas vezes.  Então, foi um deslumbre vê-la desabrochar como pessoa segura de si, determinada no que queria ser e como chegaria lá. Me enche de orgulho todos os dias até hoje ver os resultados físicos e psicológicos do bem que ela mesma se decidiu fazer (e que foda-se a opinião do mundo).

Em paralelo à tudo isso, eu ainda a vi batalhar pelo amor. E infelizmente, vi entrega sem reciprocidade. Vi traição. Mentira. Mágoa. Eu vi julgamento (de novo): pessoas dizendo que ela se entrega demais, que cai de cabeça muito rápido em seus relacionamentos. Ouvi acharem que ela tinha medo da solidão. Ouvi zombarem e caçoarem do amor que ela sempre demonstrou de forma espontânea e intensa.

Senti vergonha pelas pessoas que pensam/pensaram assim, confesso. Afinal, não é o que todos queremos? Um amor que nos faça bem? Perdi um pouco a fé na humanidade ao saber que em pleno 2018, ainda é considerado o elo mais fraco da relação aquele que mais demonstra. Achei injusto.

Mas, como nada é por acaso, foi então eu a vi calar o mundo sem precisar dizer uma só palavra: encontrando alguém que a enxergasse por inteira, principalmente por dentro. Um cara que sem vergonha de gritar pra quem quiser ouvir que eles se amam e que é lindo ter um amor recíproco, que te aceite como é e que te incentive em todos os âmbitos da vida. Ele, que a admira, protege, enaltece, se orgulha, exibe e acha dentre todas, a mais linda.  Ele, que caminha ao lado dela, de mãos dadas, brilhando tanto quanto. Nem menos, nem mais. Ele, desses raros hoje em dia.

Ao vê-la perder o medo de ser feliz, renovei minhas esperanças. Percebi por fim, que lutamos batalhas tão similares a vida toda e que ela sempre havia me servido de incentivo para ser mais. Ser melhor. Pensar em mim. Cuidar do meu corpo. Não desistir do amor. Foi quando também parei de tentar me justificar para quem não quisesse entender e decidi somente sorrir, por mim e por todas as outras garotas que ainda não entenderam que ao final do dia, nossas batalhas são apenas nossas, da conta de ninguém mais. Que com paciência, o que merecemos de verdade baterá à nossa porta.

Tenho orgulho de ver-me refletida nela em tantas coisas boas e sinto uma conexão inquebrável com o que somos na essência: duas meninas intensas, diretas, extrovertidas, por vezes solitárias e machucadas, mas sempre (SEMPRE) esperançosas em algo melhor. Porque no fundo, a gente SABE que desistir nunca será uma opção e que morno, não nos servirá jamais. Doa a quem doer.

Por fim, aproveito esse texto para simplesmente dizê-la que a acho incrível e sugerir que siga sendo ela mesma, já que sempre haverão outras pessoas se inspirando no seu exemplo de persistência (eu, inclusive) e talvez ela nem saiba.

autor: Amanda Armelin

Bocuda, nerd, tatuada. Cervejeira de carteirinha e louca por cachorros (principalmente bulldogs). Além do sorriso no rosto, mantém paixão absoluta por bacon e sexo.

compartilhe esse post